E talvez essa tenha sido minha melhor escolha de 2022.
Consequentemente dei uma pausa na escrita, nas colagens e tudo que envolvia compartilhar esses processos artísticos na internet. A verdade é que sou uma pessoa muito mental e tudo que criei até aqui veio disso, de amar remoer situações e histórias internas. Minha dificuldade maior sempre morou no fazer, já que colocar em prática sempre teve cara de abismo. Acabei descobrindo como usar desse medo pra escrever, criar e falar da vida que eu queria ter, como eu queria me sentir, no futuro sempre.
Mas nos últimos meses eu resolvi abaixar as canetas e viver. Mais corpo e menos cabeça.
Aprendi a falar sim.
Voltei a dançar e me ver em movimento em algo que amo foi essencial pra descobrir que a ação pode ser mais gostosa do que angustiante.
Pedi em voz alta pra sair com as pessoas que eu sempre admirei de longe e ganhei novas companhias. Fiz da vida social o grande foco da minha agenda e com isso aprendi novas formas de sorrir com uma galera que sempre me faz lembrar quem eu sou de verdade, com cada vez menos filtros. E que gostoso é se encontrar de novo.
Risquei um monte de shows que estavam na minha lista de desejos e entendi de vez que música ao vivo é muito mais do que sobre o som. Visitei cantinhos deliciosos da cidade, provei muitos pratos que me fizeram querer saber mais sobre comida e senti muita, mas muita vontade de voltar a estudar.
Nesse processo eu larguei mão de tentar adivinhar o desenrolar das histórias, de querer prever e controlar o futuro, abrindo espaço para as coisas boas acontecerem e elas foram muitas. Isso também me fez levar todo o lado negativo com muito mais leveza, pois eu tinha onde me apoiar.
Mas também senti saudade
De conseguir externalizar essa quantidade de sentimentos bons. Com tanta coisa diferente acontecendo eu sabia que essas experiências não cabiam mais no mesmo formato de antes, mas tive receio de pensar no ajuste.
Esse texto é uma forma de fazer as pazes com como tudo começou. As colagens da pandemia foram abraço e casa, me fizeram crescer como nunca antes e tenho muito orgulho de onde elas me fizeram chegar. Mudar esse curso me pareceu por muito tempo uma forma de ingratidão, mas esse raciocínio é também um tanto injusto comigo mesma.
Continuo com a curiosidade sendo minha lente principal, transbordando os olhos e se transformando em arte sempre, independente da configuração. Quero então reconquistar esse espaço para que ele caiba ainda mais de mim e de como tenho visto a vida agora: Cada vez mais no presente.
Achei que valia dividir :)
“A Forma Não Cumpre a Função” - Exposição de Francisco Nuk no CCBB - BH
(em cartaz até o dia 13 de fevereiro de 2023)
A mostra que refuta uma grande questão para os designers e que também me instigou nos devaneios de hoje sobre propósito, objetivos e subversão.
Música delícia que me fez refletir sobre a inegável função do tempo como remédio e também para essas mudanças de perspectivas que fazem tanto sentido pra mim agora.
Lindo e emocionante! 💚
ótimo texto para começar 2023 :)