#4 Clube dos que Sentem Demais

O quanto cabe em um segundo

Frenesi dos átomos

Existe uma tensão que paira no ar antes de algo mudar dentro da gente. É como se os átomos previssem um futuro invisível aos olhos e se agitassem com a novidade.

De início você não sabe dizer o que é, só sente um estalo que talvez revire o estômago ou a sensação de ver o entorno fora de foco. Talvez esteja mesmo.

Mas é o piscar que funciona como uma ponte sem volta. É a fração de tempo que o corpo leva para processar que agora somos outros. Ao abrir os olhos de novo, tudo parece igual, mas inacreditavelmente diferente.

A verdade é que essa mudança vinha sendo cozinhada a fogo baixo por debaixo da sua pele, em silêncio. O relógio só marcou a hora exata em que você se deu conta disso. Então, nesse segundo fica registrado toda uma vida. Um emaranhado de cenas, falas ditas e não ditas, as cartas escritas e as jogadas fora, as noites em claro, as conversas fiadas e todos os sinais de trânsito.

E agora, os mesmo átomos que te aguçaram para o novo, aguardam. Espreitam as órbitas a espera da sua reação. Disputando entre eles pelo primeiro vislumbre de sua recém reformulada morada.

Como eles, você também se estranha. Pisca uma, duas vezes. Uma falha tentativa de voltar para a lente anterior. Mas ela não está mais lá.

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E agora?

Depois de 5 anos, cheguei ao fim da minha vida universitária (por hora).

A sensação é que de uma hora pra outra todas as coisas mudaram. Não é como se eu não tivesse me preparado pra isso, mas a ficha demora a cair.

E o que fazer com todo o tempo livre? O que antes era ocupado com um TCC quase interminável, agora me dá espaço pra redescobri o que é criar pra mim mesma.

Anda batendo vontade de testar coisas diferentes, sair um pouquinho dos moldes que eu mesma criei e compartilhar de novo uma fase mais experimental do meu trabalho. Quero tentar.

Vamos ver no que dá.